quarta-feira, 30 de julho de 2014

1 mês ♡

Pisquei os olhos e 1 mês passou. Não vi os dias correrem, mas sinto que uma vida toda se desenrolou diante de mim. Me tornei uma ilha no meio de um monte de gente. Uma ilha em que só vivem você e eu. Me deparei com um ser pequeno, frágil e totalmente dependente e, sem medo algum, eu simplesmente sabia o que fazer. É o tal do instinto materno, ele existe e cresce dia após dia, junto de você. Em um mês você me ensinou muito mais do que eu aprendi durante minha vida toda, você me conhece muito mais do que eu conheço você. Hoje o meu cheiro preferido é o dos seus cabelos, a cor mais linda é a dos seus olhos, o meu som favorito é o seu choro forte, o que mais me preocupa são seus desconfortos e a minha meta é a tua felicidade! Me olham e dizem que mudei... e mudei mesmo. Meu cheiro é de leite, pijama é meu uniforme, meu sono tornou-se leve, meu cabelo vive embolado e batom só de vez em quando. Estou me reconhecendo, renascendo, ressurgindo. Estamos ilhadas uma na outra por tempo indeterminado e isso é o que me fez entender o amor, a doação, a vida. Obrigada meu Deus, por tamanha benção! Obrigada filha pela oportunidade de ser sua mãe. Parabéns pelo seu primeiro mês de vida. Eu te amo, Maria Flor! 










segunda-feira, 7 de julho de 2014

O relato (sincero e consciente) de meu parto. ♡

Nasceu uma flor aqui no meu jardim...

Desde que descobri que estava grávida tomei diversas decisões em minha vida. Melhorei minha alimentação, comecei a me exercitar e até mesmo refletir sobre quem eu era/queria ser para minha pequena, mas devo confessar que o que mais ocupou o meu tempo foi estudar sobre o parto. Foram meses ansiosos pra mim. Ponderei todas as minhas possibilidades, anseios, medos, sonhos e crenças, e me decidi: quero um parto normal conveniado, mas que não ultrapasse as 40 semanas, se não conseguir, faço uma cesária e tudo bem! Fiquei tranquila e feliz durante toda minha gestação, pois sabia que faria minha decisão valer. Não vou relatar novamente o que me levou à essa escolha, pois os motivos já foram expostos e, na verdade, eles só fazem sentido pra mim, não é mesmo? Como sempre digo, cada mãe tem o seu direito de escolha e deve lutar por ele. Chamei o meu parto de “parto consciente”.  Nosso limite: 30/06/2014, segunda-feira, 40 semanas e 2 dias, dia em que eu e meu marido comemoramos 10 anos juntos e 2 anos casados, mas que não foi o fator decisivo e sim uma bela coincidência, que nos deixou muito feliz!

Com 38/39 semanas fiz meu primeiro exame de toque: colo apagado, 1 dedo de dilatação. Os dias seguintes foram de exames para acompanhar a quantia do líquido amniótico, batimentos cardíacos da Maria e exercícios em casa pra acelerar a dilatação. Às vezes sentia contrações fortes, um dia pensamos que ela chegaria, mas nada, passou. Outros dias não sentia nada, mas pensava firmemente: vem, filha, vem!

No domingo, dia 29, fiquei o dia todo em casa com cólica e contrações fraquinhas... Meia noite, dia 30/06 chegou! Ok, tudo bem! Tudo pronto, vamos dormir, amanhã Maria Flor chega por uma cesária! Que felicidade, vou ter minha filha em meus braços!!! Me deitei, cochilei, acordei, fui pra sala, me deitei no sofá e comecei a sentir... Será que eu tô ficando doida? São contrações? Às 3h da manhã elas começaram tímidas e eu conseguia até relaxar. Às 5h a coisa ficou feia! Ouvi o despertador do Fabricio tocar, afinal, às 6h eu seria internada. Começamos a arrumar tudo, não aguentei e soltei um “Aiiiiiiiii” enorme! Maria ia nascer!!! Eu não podia acreditar! Ele não podia acreditar! Nossa filha chegaria mesmo no dia 30, ela havia escolhido esse dia pra ela e pra nós!


Eu andava, me trocava, rebolava, guardava as coisas, gritava, tomava água, sorria, gritava, me maquiava, agachava... Tudo ao mesmo tempo. Pedi pro Fá cronometrar as contrações e percebi que elas estavam bem ritmadas e muito, muito doloridas, mas eu queria que elas viessem, eu queria senti-las. A dor pegava toda minha barriga, minha lombar estava se quebrando em mil pedaços, mas era a dor mais gostosa que eu já havia sentido. Louco, né?

Às 6h eu já estava pronta. O Fá continuava a cronometrar e constatou: as contrações estavam em média a cada 2min e duravam cerca de 50s cada. Nessa hora eu juro que pensei que chegaria ao hospital meeeeega dilatada e que o parto seria rápido e lindo, nem me dei conta de que as contrações estavam próximas demais.

Durante o trajeto, dentro do carro, eu tive uma contração muito forte, urrei de dor, e senti algo molhar minha calcinha. Chegamos ao hospital às 6h30 e enquanto o Fá dava entrada na papelada, minha mãe me levou ao banheiro. Sangue. Não era muito, mas era sangue. Não era, nem de perto o tampão, era sangue puro. Fiquei muito assustada, claro! As contrações continuavam e, acredito que pelo fato de ter ficado nervosa ao ver o sangue, minha pressão baixou. Eu tremia de bater os dentes. Me levaram de cadeira de rodas direto pro centro cirúrgico. Lá, as enfermeiras me prepararam e me acalmaram enquanto meu médico não chegava. 

Deitava naquela maca eu gritei, esperneei  e apertei o que vi pela frente.  Num momento de tranquilidade, uma das enfermeiras me perguntou se eu faria o Parto Normal e eu disse que queria tentar, que meu médico sabia de minha vontade. Ela me olhou e disse que achava que eu ainda não estava dilatada. Chamaram uma médica do plantão para me examinar melhor e confirmar. “Sangramento e 1 dedo. Pode ser um leve descolamento de placenta, vamos aguardar seu médico chegar pra decidir, fica calma, tá?” O QUE? Só um dedo ainda? Devo confessar que isso me frustrou, mas meu medo foi pensar na possibilidade de ser realmente um descolamento de placenta.

Não sei quanto tempo depois disso demorou pro meu médico chegar, só sei que vê-lo foi um alívio enorme. Após alguns exames, a confirmação:  descolamento de placenta e aquele mísero dedinho de dilatação de semanas atrás não havia progredido. Pensei nos riscos. Tentei me concentrar em tudo o que havia lido a respeito, mas meu coração gritava! Nessa hora eu pedi a cesária! Não só pelo medo de colocar em risco a vida de minha filha, mas eu realmente não estava aguentando mais e não tenho vergonha nenhuma em assumir isso. A dor era enorme. Tinha que confiar naquela equipe! Naquele momento tudo o que eu mais queria era que aquela dor acabasse e minha filha nascesse.

Uma picadinha nas costas e puft! Toda dor foi embora! Chamaram o Fabricio e ver meu marido com os olhos marejados e ansiosos foi lindo! “Qual o nome do bebê, papai?” – “Maria Flor”, “Que lindo!” – “Então vem, Maria Flor!” – “Vem, Florzinha!”, só consegui ouvir isso ao fundo e de repente o choro de minha filha, misturado ao meu. Como eu chorei! Desentalei todo choro de angústia, medo, ansiedade e amor que estavam em meu peito. Não conseguia controlar a emoção. É algo indescritível, é nascer, renascer! Às 7h31, do dia 30 de junho de 2014, nasceu minha Flor, com 45,5cm, 2.710kg, Apgar 10/10. Pequenininha, vermelhinha e a minha cara!


Hoje, uma semana após seu nascimento, resolvi relatar tudo o que vivi naquele dia. É engraçado lembrar dos pequenos detalhes, do tratamento que recebi, da expectativa e até mesmo da dor. Disso tudo só ficou a certeza de que minha filha escolheu o dia que queria nascer, ela estava realmente pronta e em sua infinita inocência, chegou nos presenteando! Eu, como sua mãe, decidi como ela iria chegar e não me arrependo disso. Pode ter sido por medo de algo dar errado ou até mesmo por não aguentar mais, não importa. Eu tive a oportunidade de sentir os sinais de que ela estava chegando e no fim, ou melhor, começo de sua vida aqui fora, a beijei e pedi pra Deus abençoá-la. Isso é o que fez tudo valer a pena! Eu pari o meu parto e, para mim, foi o parto mais lindo do mundo!






 Com amor, 
Cacaw ♡